sexta-feira, 19 de junho de 2009

VÍDEO EXPLICATIVO DA SÍNDROME DE BORNOUT

DUVIDAS E CERTEZAS

O que eu sei? O que eu quero saber?
A síndrome leva a depressão, desmotivação e a queda do rendimento do professor.

A síndrome de burnout é uma doença séria que requer tratamento psicoterápico e, em alguns casos, medicamentos.

O professor começa a ficar extremamente cansado (física e mentalmente), perde a paciência com os alunos, falta ao trabalho e adquire comportamentos que nem ele percebe a princípio. Todos os relacionamentos interpessoais ficam prejudicados, até os familiares, amorosos. É a despersonalização. Há um distanciamento dos outros, de uma maneira geral. O professor entra na sala, mas é como se não estivesse lá. Faz o básico e vai embora. Identificar e compreender as causas que levam docentes a atrair a síndrome proporcionando possíveis soluções sem que a mesma interfira no seu cotidiano;
Analisar o rendimento dos professores em sala de aula, sensibilizando a equipe escolar a apoiarem os profissionais da educação de forma que a mesma não interfira no rendimento escolar.
Verificar o quanto à síndrome pode interferir na aprendizagem do educando.

COMO IDENTIFICAR

Farber (1991) divide as manifestações do burnout em professores em sintomas individuais e profissionais, destacando, entretanto, que estas questões são de difíceis generalizações e descrições universais. Em geral, segundo o autor, os professores sentem-se emocional e fisicamente exaustos, estão freqüentemente irritados, ansiosos, com raiva ou tristes. As frustrações emocionais peculiares a este fenômeno podem levar a sintomas psicossomáticos como insônia, úlceras, dores de cabeça e hipertensão, além de abuso no uso de álcool e medicamentos, incrementando problemas familiares e conflitos sociais.
Nos aspectos profissionais, o professor pode apresentar prejuízos em seu planejamento de aula, tornando-se este menos freqüente e cuidadoso.

Apresenta perda de entusiasmo e criatividade, sentindo menos simpatia pelos alunos e menos otimismo quanto à avaliação de seu futuro. Pode também sentir-se facilmente frustrado pelos problemas ocorridos em sala de aula ou pela falta de progresso de seus alunos, desenvolvendo um grande distanciamento com relação a estes. Sentimentos de hostilidade em relação a administradores e familiares de alunos também são freqüentes, bem como o desenvolvimento de visão depreciativa com relação à profissão. O professor mostra-se autodepreciativo e arrependido de ingressar na profissão, fantasiando ou planejando seriamente abandoná-la.

Segundo Edelwich e Brodsky (1980), os professores apresentam burnout quando gastam muito tempo de seu intervalo denegrindo alunos, reclamando da administração, arrependendo-se de sua escolha profissional e planejando novas opções de trabalho.

PRINCIPAIS CAUSAS


Muitos estudos têm se preocupado em identificar as causas do burnout especificamente na população de professores. Farber (1991) parte do pressuposto de que suas causas são uma combinação de fatores individuais, organizacionais e sociais, sendo que esta interação produziria uma percepção de baixa valorização profissional, tendo como resultado o burnout. O autor, ao se referir aos fatores de personalidade, diz que a literatura considera professores idealistas e entusiasmados com sua profissão mais vulneráveis, pois sentem que têm alguma coisa a perder. Estes professores são comprometidos com o trabalho e envolvem-se intensamente com suas atividades, sentindo-se desapontados quando não recompensados por seus esforços. Idealizações em relação ao trabalho e à organização propiciam o surgimento do burnout (Maslach & Jackson,1984b).
Professores possuem expectativas de atingir metas um tanto ou quanto irrealistas, pois pretendem não somente ensinar seus alunos, mas também ajudá-los a resolverem seus problemas pessoais (Maslach & Goldberg,1998). Maslach e Jackson (1984a) afirmam que a educação pode ser associada ao burnout, devido ao alto nível de expectativa destes profissionais, o qual não pode ser totalmente preenchido.
Quanto às variáveis sociodemográficas, Farber (1991) refere que estudos têm mostrado serem os professores do sexo masculino mais vulneráveis que os do sexo feminino, o que levou àsuposição de que mulheres são mais flexíveis e mais abertas para lidar com as várias pressões presentes na profissão de
ensino. Etzion (1987) associa as diferenças encontradas nos níveis do burnout às questões tradicionais do processo de socialização e organização social, as quais se colocam diferenciadamente para homens e mulheres. Professores com menos de 40 anos apresentam maior risco de incidência, provavelmente devido às expectativas irrealistas em relação à profissão. Jovens precisam aprender a lidar com as demandas do trabalho (Maslach,1982) e, por esta razão, podem apresentar maiores níveis da síndrome. Professores com mais idade, segundo a autora, parecem já ter desenvolvido a decisão de permanecer na carreira, demonstrando menos preocupação com os estressores ou com os sintomas pessoais relacionados ao estresse.
No que tange às variáveis profissionais, estudo realizado por Friedman (1991) identificou que, quanto maior a experiência profissional do professor, menores eram os níveis do burnout. Já para Schwab e Iwanicki (1982) e Woods (1999), mais significativo que os anos de prática de ensino é o nível de ensino em que o professor atua. Professores de ensino fundamental e médio apresentavam mais atitudes negativas em relação aos alunos e menor freqüência de sentimentos Burnout em professores 25
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p. 21-29, jan./jun. 2002 de desenvolvimento profissional do que os professores do ensino infantil.
Inerente ao conteúdo do seu cargo, a relação com o aluno tem sido apontada com uma das maiores causas do burnout. Estudo realizado com professores
suíços identifica que sua maior causa é o mau relacionamento professor- alunos. Estudo de Burke e colaboradores (1996) confirma este resultado, acrescentando ainda a relação entre burnout e a sobrecarga e o conflito de papel. O professor assume muitas funções, possui papéis muitas vezes contraditórios, isto é, a instrução acadêmica e a disciplina da classe. Também tem que lidar com aspectos sociais e emocionais de alunos, e ainda conflitos ocasionados pelas expectativas dos pais, estudantes, administradores e da comunidade. O excesso de tarefas burocráticas tem feito com que professores se sinta desrespeitados, principalmente quando devem executar tarefas desnecessárias e não relacionadas à essência de sua profissão. Ao desempenhar trabalhos de secretaria, diminui sua carga horária para o atendimento ao aluno e para desenvolver-se na profissão. A falta de autonomia e participação nas definições das políticas de ensino tem mostrado ser um significativo antecedente do burnout.
Estas questões, somadas à inadequação salarial e à falta de oportunidades de promoções, têm preocupado pesquisadores.
Outra questão relevante abordada pelos autores é o isolamento social e a falta de senso de comunidade que, geralmente, estão presentes no trabalho docente, tornando os professores mais vulneráveis ao burnout.
Segundo os autores, o ensino é uma profissão solitária, uma vez que há uma tendência do professor a vincular suas atividades ao atendimento de alunos, ficando à parte de atividades de afiliação, grupos e engajamento social. Esse fato foi comprovado por Burke e Greenglass (1989), ao identificarem ser a falta de suporte social uma das causas significativas do burnout em professores. A inadequação da formação recebida para lidar com as atividades de ensino, escola e cultura institucional também tem sido apontada pelos professores como uma importante causa do síndrome (Farber, 1991; Wisniewski & Gargiulo, 1997). A formação do professor, explicam os autores, enfatiza conteúdos e tecnologia, sendo deficiente a abordagem nas questões de relacionamento interpessoal, relacionamento com alunos, administradores, pais e outras situações. A falta de condições físicas e materiais para implementar suas ações junto aos alunos também foi identificada como importante fonte de desgaste profissional.
A relação com familiares dos alunos, de acordo com Abel e Sewell (1999), também se mostra muitas vezes problemática e estressante, seja pela falta de envolvimento deles no processo educacional – acreditando serem a escola e o professor os únicos responsáveis pela educação dos filhos – seja pelo excesso – acreditando ser o professor incompetente e inexperiente e, muitas vezes, o causador dos problemas apresentados pelo aluno. Para Cherniss (1995), muitos pais acreditam que os profissionais do ensino estão mais preocupados com seu contracheque e com suas férias do que com a educação. Farber
(1991) afirma que, do ponto de vista público, a categoria sofre muitas críticas, é extremamente cobrada em seus fracassos e raramente reconhecida por seu sucesso. Para o autor, mesmo que esta seja uma tendência de todas as profissões, nenhuma categoria tem sido tão severamente avaliada e cobrada pela população em geral nas últimas duas décadas como a dos professores.

CONSEQUÊNCIAS

CONSEQÜÊNCIAS INDIVIDUAIS E ORGANIZACIONAIS
O estágio atual de conhecimento sobre as possíveis conseqüências de burnout indica que estas merecem registro importante por seu número, seriedade potencial, domínios afetados (Cádiz, San Juarn, Riviero, Herce & Achucarro, 1997) e em muitas vezes pela irreversibilidade de suas conseqüências (Heus & Diekstra,1999).
As conseqüências do burnout em professores não se manifestam somente no campo pessoal-profissional, mas também trazem repercussões sobre a organização escolar e na relação com os alunos. A adoção de atitudes negativas por parte dos professores na relação com os receptores de seus serviços deflagra um processo de deterioração da qualidade da relação e de seu papel profissional (Farber, 1991; Rudow,1999).
Professores com altos níveis de burnout pensam com freqüência em abandonar a profissão. Esta situação ocasiona sérios transtornos no âmbito da instituição escolar e também no sistema educacional mais amplo.
Professores de um modo geral (Wisniewski & Gargiulo, 1997) e professores jovens apresentam maior tendência em abandonar seu trabalho e sua profissão como conseqüência de burnout (Schwab & Iwanicki, 1982). Professores não esperam aposentar-se e retiram-se do trabalho antes da idade legal para isto
(Rudow,1999). A intenção de abandonar a organização e a “saída psicológica” ou despersonalização são tentativas de lidar com a exaustão emocional, de acordo com Lee e Ashforth (1996). Embora muitas pessoas possam deixar o
trabalho em conseqüência de burnout, outras podem ficar. Entretanto, a produtividade fica muito abaixo do real potencial, ocasionando problemas na qualidade do trabalho (Maslach, & Goldberg, 1998). Geralmente, altos níveis de burnout fazem com que os profissionais fiquem contando as horas para o dia de trabalho terminar, pensem freqüentemente nas próximas férias e se utilizem de inúmeros atestados médicos para aliviar o estresse e a tensão do trabalho (Wisniewski & Gargiulo, 1997).
Para Maslach e Leiter (1999), a parte do sistema educacional mais valiosa e com o mais alto custo provocados pela incidência do burnout são as pessoas
que ensinam, ou seja, os professores da instituição. O professor acometido pela síndrome tem dificuldade de envolver-se, falta-lhe carisma e emoção quando se relaciona com estudantes, o que afeta não só a aprendizagem e a motivação dos alunos, mas também o comportamento destes (Rudow,1999). Garcia (1990) identificaram que os professores com altos níveis de burnout eram acometidos de freqüentes resfriados, insônia, dores nas costas e na cabeça e hipertensão.

COMO TRATAR

Para o tratamento da doença existe diversos métodos, tendo em vista, a diversidade de conceitos. Para alguns basta medicação, para outros um tratamento psiquiátrico.
Diagnosticada a Síndrome independente do tratamento indicado é necessário observar as seguintes medidas:

1. A afastamento imediato do seu local de trabalho, onde se encontra a origem.

2. Comunicar e orientar as pessoas no local de trabalho sobre a doença e os fatores de agravamento, não apenas no auxílio ao portador quando do retorno, mas de prevenção.

3. Exigir que o médico registre no laudo: Síndrome de Burnout, com seu respectivo código, pois alguns podem utilizar variantes dificultando o registro como doença do trabalho.

Direitos
O portador da Síndrome de Burnout tem direitos garantidos na CF 1988, principalmente por se tratar de uma doença adquirida no trabalho.
Para tanto é necessário realizar a notificação imediata no local de trabalho, para ter direito ao tratamento.

No caso do setor público quando houver a readaptação ou aposentadoria por invalidez, o portador tem direito ao tratamento com vistas a sua reabilitação, com todas as despesas custeadas.

No caso do setor privado o atendimento pelo SUS é prioritário, desde que notificado como doença do trabalho.

Nas maiores cidades existem os CERESTs - Centros de Referência de Saúde do Trabalhador, onde poderá obter as orientações, assim como nos sindicatos e nas Secretarias Estaduais de Saúde.

CONCLUSÃO

Podemos entender Burnout como o produto de uma interação negativa entre o local, a equipe de trabalho e os clientes como afirma Alvarez Gallego e Fernandez Rios (1991). De fato, a Organização Internacional do Trabalho reconhece que o estresse e a síndrome de Burnout não são fenômenos isolados, mas ambos foram convertido em um risco ocupacional significativo (Barona, 1991). Aluja (1997), confirma através de uma pesquisa a relação existente entre saúde mental, psicopatologia e Burnout.
Segundo Figueroa; Veliz-Caquias (1992) as profissões mais afetadas pela síndrome são: polícia, enfermeiras, professores. Neste grupo ainda se encontram os terapeutas ocupacionais, psicoterapeutas e outros relacionados à saúde mental.
Fica claro a importância do bem-estar e a saúde do indivíduo no trabalho, pois é no trabalho que passa-se a maior parte do tempo. A qualidade de vida está diretamente relacionada com as necessidades e expectativas humanas e com a respectiva satisfação desta. Corresponde ao bem-estar do indivíduo, no ambiente de trabalho, expresso através de relações saudáveis e harmônicas (Kanaane, 1994)
Atualmente o estresse não é visto apenas como prejudicial ao trabalhador, mas principalmente à organização que despendem altos custos em absenteísmo, acidentes, doenças, conflitos, abandono e desinteresse, verificado em todos os níveis de trabalho (Moreno-Jimenez e Peñacoba Puente, 1995)
A qualidade de vida no trabalho é uma compreensão abrangente e comprometida das condições de vida no trabalho, que inclui aspectos de bem-estar, garantia da saúde e segurança física, mental e social, e capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso de energia pessoal. Não depende só de uma parte, ou seja, depende simultaneamente do indivíduo e da organização, e é este o desafio que abrange o indivíduo e a organização.